terça-feira, julho 31, 2007

Dono de casa


Eu não tenho nada contra a alta gastronomia, aliás bem pelo contrário, quando me sobra algum dinheiro ele quase sempre vai parar nos bolsos de um cozinheiro. Mas a realidade, o dia-a-dia, culinário das pessoas passa muito longe dos belugas, foie gras e trufas.
Quem prepara a maioria das refeições em casa, como eu, passa por um exercício diário de criatividade, logística e tesourária.
Não é querer desmerecer os jovens chefes que se formam nessas belíssimas escolas culinárias que agora são moda por ai. Mas o fato é que cozinhar numa cozinha super equipada, e utilizando só os melhores e mais caros ingredientes é bem mais simples do que ter que equlibrar o orçamento com o tempo reduzido para cozinhar e ainda tentar agradar ao paladar.
Quero dizer que a grande maioria dos chefes da nova geração nunca passaram por esse tipo de situação, de ter que cozinhar com o que se tem ou se pode comprar. Mas assim faz a maioria das donas ou donos de casa, e foi assim que surgiram todos os pratos clássicos que formam a base da alta gastronomia.
E não sou poucos os grandes chefes que afirmam terem se inspirado na cozinha caseira práticada por suas mães e avós. Hoje, pelo contrário, os futuros chefes chegam as escolas sem saber nem mesmo fritar um ovo e vão direto fritar magret.
Minha teoria é que se uma pessoa pode preparar uma refeição saborosa com beterrabas e chuchu, por exemplo, ela é capaz de cozinhar bem qualquer coisa. E esses dias aqui na Argentina têem sido bastante reveladores nesse sentido, embora a beterraba ainda seja algo intragável pra mim.