terça-feira, julho 31, 2007

Dono de casa


Eu não tenho nada contra a alta gastronomia, aliás bem pelo contrário, quando me sobra algum dinheiro ele quase sempre vai parar nos bolsos de um cozinheiro. Mas a realidade, o dia-a-dia, culinário das pessoas passa muito longe dos belugas, foie gras e trufas.
Quem prepara a maioria das refeições em casa, como eu, passa por um exercício diário de criatividade, logística e tesourária.
Não é querer desmerecer os jovens chefes que se formam nessas belíssimas escolas culinárias que agora são moda por ai. Mas o fato é que cozinhar numa cozinha super equipada, e utilizando só os melhores e mais caros ingredientes é bem mais simples do que ter que equlibrar o orçamento com o tempo reduzido para cozinhar e ainda tentar agradar ao paladar.
Quero dizer que a grande maioria dos chefes da nova geração nunca passaram por esse tipo de situação, de ter que cozinhar com o que se tem ou se pode comprar. Mas assim faz a maioria das donas ou donos de casa, e foi assim que surgiram todos os pratos clássicos que formam a base da alta gastronomia.
E não sou poucos os grandes chefes que afirmam terem se inspirado na cozinha caseira práticada por suas mães e avós. Hoje, pelo contrário, os futuros chefes chegam as escolas sem saber nem mesmo fritar um ovo e vão direto fritar magret.
Minha teoria é que se uma pessoa pode preparar uma refeição saborosa com beterrabas e chuchu, por exemplo, ela é capaz de cozinhar bem qualquer coisa. E esses dias aqui na Argentina têem sido bastante reveladores nesse sentido, embora a beterraba ainda seja algo intragável pra mim.

domingo, julho 29, 2007

Se copam?

E o vinho dessa semana foi o Gaspar Campos, Syrah 2002. É mais um vinho de Mendoza, mais específicamente de General Alvear.
A Gaspar Campos é uma bodega familiar, bem pequena que opera num sistema totalmente alternativo. Isso quer dizer que ela não conta com distribuidores para sesus vinhos, as vendas são negociadas diretamente pelo site e a entrega é por correio.
O syrah 2002 é o primeiro vinho comercializado pela bodega, se trata de uma partida limitada de apenas 3500 caixas e as garrafas são numeradas a mão.
O processo de fabricação do vinho também é bastante artesanal, a colheita é manual em cestas de no máximo 20 kilos.
Quanto a qualidade do vinho o que eu posso dizer é achei regular. Ele é bem pouco frutado com aromas de especiárias e compota, na boca sobressai a pimenta e um pouco de canela, mas não tem muita presistênica e o final de boca também não me agradou muito.
No geral, pelo custo benefício ele acaba sendo recomendável, sobretudo pra quem não gosta dos vinhos muito jovens.

http://vinosgasparcampos.com.ar/fullweb.htm

quarta-feira, julho 25, 2007

Canção do exílio


Todo mundo que passa um tempo fora do seu país de origem fica cheio daquelas memórias nostalgicas: "ah como era gostoso aquilo"; "como sinto falta disso". Em geral não sou desses, pricipalmente quando se trata de comida, costumo me adaptar facilmente aos cardápios locais e a oferta de comida existente, questão de sobrevivência talvez.
Mas sim, tenho minhas fraquezas e também sinto saudades de algumas coisas da terrinha. A primeira e indiscutível é da praia, embora alguns lugares do Mundo tenham praias tão ou mais bonitas que as do Brasil, ninguém sabe disfrutar dessa maravilha como os brasileiros, isso é um fato.
A segunda coisa de que mais sinto falta quando estou fora do país, claro, é algo de comer, mas não tem nada a ver com feijoada, caipirinha, guaraná ou todos esses clichês, sinto falta é de uma boa pizza.
Tudo bem que a pizza não é típica do Brasil, e tão pouco exclusiva, aliás bem pelo contrário até em Marte deve ter pizza, afinal os homens são de lá. Mas em nenhum lugar eu comi pizza como no Brasil.
Nós temos as melhores massas, o melhor método de cocção e definitivamente a maior criatividade quando se trata de coberturas. Em outros lugares você pode até encontrar uma ou outra dessas variantes, mas nunca todas elas juntas sendo entregue por um motoboy na porta da tua casa a qualquer hora do dia ou da noite.
Na minha modesta opinião de brasileiro guloso, uma boa pizza deve constar de: massa grossa, corcante nas bordas e macia no meio; deve, imprescendivelmente, ser assada em forno à lenha; e ter muita, mas muita cobertura.
Eu já comi muita pizza por esse Mundo-a-fora mas nunca encontrei nenhuma a altura das nossas, aqui na argentina não é diferente. Há pouquíssima variedade de recheios e elas são assadas na pedra, o que deixa a massa muito dura. E nem mesmo na Itália, a pátria mãe das pizzas, eu comi pizzas melhores que as brasileiras, prova de que a receita original nem sempre é a melhor.
Tudo isso sem falar numa outra invenção, essa sim típicamente nacional, o rodízio de pizzas. "Ah, as pizzas que aqui recheiam, não recheiam como lá".

domingo, julho 22, 2007

Nações Unidas


Ontem estive numa festa que mais parecia um encontro da ONU. Era despedida de uma norueguesa que viveu um tempo aqui em Buenos Aires, e até a bebida me afetar já tinha contado representantes de uns 10 países diferentes.
No meio de toda essa babel havia uma peruana que preparou uma bebida típica do seu país, o famoso pisco. Bom, na verdade não sei se o nome do drink era pisco, ou se esse é apenas o nome do destilado de uvas que se usa para fazer a bebida, mas também depois de algumas doses isso importa pouco.
O drink em questão é uma mistura de margarita com caipirinha, já que leva pisco, limão, açucar, gelo e é batido no liquidificador. Bom a parte das definições e dos nomes, eu sei que gostei bastante.
Fora isso tinham alguns aperitivos, nada muito fora do comum, exceto um sushi koreano. Isso mesmo sushi koreano, eu tão pouco sabia que existia isso, mas como foi uma koreana quem fez e me ofereceu eu não pude fazer nada além de acreditar e experimentar.
Era estranho, mas mal não fez, prova disso que estou aqui agora mal traçando essas linhas. De semelhante ao sushi japonês só tinha mesmo o branco do arroz e um pouco de nori, que estava ralado e envovia as bolinhas de arroz, o que causava uma certa estranheza pela coloração negra predominante.
O recheio, esse sim era diferente do sushi tradicional mas familiar ao paladar, e se tratava de carne moida com algo de picante. No fim das contas eu achei até bom, e posso dizer que para uma primeira experiência com a culinária koreana eu me portei bem. Se bem que devo confessar que não pude evitar o clichê de, enquanto comia, fazer a piada com a carne de cachorro. Mas também afinal, quantas vezes na vida você terá a oportunidade de utilizar todo o seu conhecimento sobre países exóticos e seus estereótipos? Sendo assim acho que estou perdoado, até porque, eu sempre me comporto direitinho quando os estrangeiros só querem falar comigo sobre futebol e carnaval.

sexta-feira, julho 20, 2007

Enamorado




O que vou escrever hoje, tem pouca ou nenhuma relação com a Argentina, e alguma coisa que ver com comida. É que assistindo a um programa de tv, aqui do canal gourmet da Argentina, eu cheguei a conclusão que estou apaixonado pela Nigella Lawson's.
Não sei como não percebi antes mas ela é, apenas, perfeita. Bonita, inteligente, escreve bem, cozinha bem e gosta das duas coisas, sem falar naquele sotaque britânico que é uma maravilha.
O único defeito dela é ser compeltamente inatingível para mim, e de certa forma eu ser a mesma coisa pra ela.
Pois é, aquele velho clichê, tão próximos mas ao mesmo tempo separados por um oceano, pela imigração inlgesa e pelo simples fato dela desconhecer minha existência. Mas como a culinária, o elo mais forte entre nós dois, não tem fronteiras esse fim de semana cozinharei alguma receita de suas receitas, e claro farei um brinde a Nigella e a todos os seus amantes platônicos, como eu.

segunda-feira, julho 16, 2007

Água no Fernet




Esse blog é quase que exlusivamente dedicado a assuntos que se relacionem com comida ou bebida, mas se tenho que abrir um excessão que seja por um bom motivo, ou seja, a vitória do Brasil sobre a Argentina.
A imprensa argentina, no geral, é meio chata mas a imprensa esportiva é insuportável. E graças a eles uma competição como a Copa América, que para mim nunca representou nada passou a ser prioridade.
Eles falaram tanto nessa Copa América, contaram tanta vantagem, foram tão arrogantes que o resultado final não podia ser outro, e devo admitir que hoje foi muito agradável ver a todos os programas de esporte que sempre me irritaram.
Pois é mais uma vez o Brasil estragou a festa argentina, colocou água no seu Fernet.
A tempo, o Fernet é uma bebida alcólica que, me parece, é original da Argentina. É um fermentado a base de ervas de cor escura, muito forte e com uma graduação alcólica de uns 40 graus. É tão ruim que não se pode beber puro, sempre é servido com coca ou pepsi, mesmo assim acho que poderia ser considerado uma espécie de bebida nacional daqui. Puro o gosto é de remédio, com coca fica algo parecido com um anti-séptico bucal, o bom e velho Cepacol.
Mas com coca ou sem, o fato é que ontem nada tirou o amargor do tal Fernet.

sábado, julho 14, 2007

Entre umas e outras

Bom, há tempos eu declarei aqui toda minha admiração ao Pinot Noir, mas a verdade é que o segundo mlehor vinho que tomei na Argentina foi um Merlot, Marcus (2000) Del vale del Rio Negro, da patagônia.
Pois é um merlot, Paul Giamati que me perdoe, mas o que posso fazer se o cultivo de Pinot Noir ainda não é tão difundido na Argentina e que não se pode encontrar vinhos nos mercadinhos chinos por 6,50 dessa cepa.
Pois, é foi só isso que custou esse merlot bem maduro, com muito alcool mas que ainda preservava uma boa quantidade de frutas, que é o que caracteriza um merlot. Os taninos já estavam bem domados devido a idade, o que deixou o vinho redondo e com uma grande presistência. Enfim, um bom custo benefício.


http://www.bonvivir.com/vinos/display_vino.html?code=HUM003

quinta-feira, julho 12, 2007

Un Buen Vino

Bom, como já disse antes, aqui os vinhos são bem baratos e se você conhecer uns mercados locais, desconhecidos e barateiros pode acabar embreagado em grande estilo e gastando pouco.

Minha política é de experimentar sempre o maior número possível de vinhos potencialmente bons que eu encontro por aqui, e numa dessas eu acabei caindo nas graças do senhor Castil Ferrant, cabernet sauvignon 2002. Apenas o melhor vinho que já tomei na argentina e conseqüentemente o melhor vinho argentino que já tomei.

Um grande vinho, um buquet muito bem definido, com aromas claros de morangos maduros, ameixas e um pouco de chocolate. Uma cor ruby intenso com bom corpo e 14,1 de graduação alcólica. É um vinho de mendoza, ou seja, clima frio e muita altitude o que concentra alcóois e acçucares, realmente um clássico, e acreditem ou não custou apenas 7,50 pesos.

Ah a Argentina, as vezes me dá vontade de ficar aqui por um bom tempo.