quinta-feira, agosto 30, 2007

Cotização


Há muitas formas de dividir e catálogar vinhos, por cepa, safra, terroir... etc. Mas minha preferida é por faixa de preço. E por uma questão bem simples, é que muitas vezes ignoramos os vinhos mais baratos por puro preconceito, e pagamos mais por produtos que nem sempre são superiores ou valem o que cobram.
Claro que em 90% dos casos, maior preço também significa maior qualidade, mas como para toda regra há uma excessão, o mesmo acontece no Mundo dos vinhos. E depois, deve-se levar em conta o que você está procurando quando compra um vinho. Muitas vezes apenas queremos uma garrafa honesta para abrir no dia-a-dia, nesses casos vale a pena se arriscar numa faixa de preços inferior. Outras buscamos um vinho diferenciado para uma ocasião especial, aí não há milagres, será impossível encontrar algo de tal qualidade sem desembolsar o devido valor.
Fazendo uma breve classificação, eu dividiria os vinhos argentinos nas seguintes faixas de preço:

Até 5 pesos - Eu sei que parece impossível, mas mesmo nessa faixa de preço se encontram vinhos basatante tomáveis. Claro que não se pode esperar muita coisa, mas se bateu aquela vontade de tomar um vinho e o pagamento ainda não saiu, tente estes: Tittarelli malbec, cosecha 2004 ($4,50); Tittarelli Sangiovesse, cosecha 2003 ($5,00) e La Vaque syrah, 2005 ($4,50).

De 5 a 10 pesos - Nessa faixa de preço você já começa encontrar alguns vinhos bem razoáveis, e em alguns casos pode até mesmo se surpreender com um ótimo vinho como é o caso deste: Castill Ferrant Cabernet Sauvignon 2002 ($7,49). Ou então encontrar alguns vinhos bem agradáveis e despretenciosos como estes: Rodas Petit Verdot, 2004 ($6,79); Marcus Merlot, 2000 (($6,50); Santa Julia Tempranillo 2006 ($9,80); Norton Clássico Bonarda 2006 ($9,50); Santa Laura Pinot Noir 2005 ($7,90).

De 10 a 20 pesos - aqui sim já começam aparecer alguns dos rótulos que fazem a fama da Argentina como grande produtora de vinhos de qualidade e acessíveis, como por exemplo: Alamos Varietais, cosecha 2005 ($18,79); Alto Uxmal Cabernet/Merlot, cosecha 2005 ($14,79); Fica la Linda Varietais ($19,90); Newen Pinot Noir 2005 ($15,79).

De 20 a 50 pesos - Eu diria que nessa faixa de preço se encontram os melhores vinhos argentinos quando se pensa na relação custo/benefício, como são nos casos dos: Luigi Bosca Pinot Noir 2003 ($42,00); Fond de Cave Reserve Petit Verdot 2003 ($37,00); Altos Las Hormigas Malbec 2005 ($32,00).

Acima de 50 pesos - Nessa faixa de preço eu apenas não posso opinar porque acredito nunca ter tomado um vinho argentino desse valor. E o motivo é simples, é porque como disse acima, o melhor da argentina são os vinhos intermediários. Quando os preços começam a subir muito, para mim a escolha óbvia ainda são os franceses. Por isso não vejo razão para pagar mais de 50 pesos por um vinho daqui, sendo que por menos eu encontro vários rótulos que me satisfazem. O melhor é investir esse dinheiro num vinho importado, porque nesse caso sim é muito difícil encontrar algo bom por um valor abaixo disso.

quarta-feira, agosto 29, 2007

As compras


Visitar supermercados pelo Mundo afora, pode não ser muito convencional, mas é um dos meus hobbys. Não que goste de fazer compras, aliás é uma das coisas que eu menos gosto. É chato ter que ficar pesquisando preços, tetando lembrar-se de tudo que precisa comprar, e ainda por cima ficar na fila do caixa um tempão.
Mas ir ao supermercado só para olhar pode ser um passa tempo bem interessante. Na verdade algumas coisas eu até gosto de comprar, como vinhos ou ingredientes para uma receita especial. Mas, o mais divertido mesmo é percorrer os corredores sem ter a menor preocupação em encontrar algo específico, apenas para ver como é o hábito alimentar das pessoas em outros países.
Para tanto, é bom que se escolha uma loja grande, com bastante variedade. Também recomendo ir em um horário pouco concorrido, uma quarta-feria pela tarde é perfeito. O bom dos grandes mercados, a diferença das lojas especializadas como as delicatessem, é que você fica mais a vontade, pode olhar tudo sem pressa, pode pegar os produtos sem ter que pedir a um vendedor e pode apenas ir embora sem comprar nada, embora eu sempre acabe comprando alguma coisa.
Os mercados públicos e as feiras também são lugares interessantes para esse tipo de experiência, mas são nos grandes mercados que as pessoas fazem a maioria das suas compras, então são os mais indicados para observar o comportamento dos consumidores e conhecer realmente a o que eles comem.
Já estive em mercados da França, Itália, Alemanha, Austria, Republica Tcheca e Argentina, e os melhores, com certeza, estão na França. Foi onde encontrei a maior qualidade e variedade, e os preços eram bem justos, embora Alemanha seja campeã na relação custo/benefício. Na itália e na Argentina, em geral, achei as coisas um pouco mais caras, pricnipalmetne aqueles produtos mais gourmets, que são meus preferidos. Na Austria achei parecido com a Alemanha só que mais caro e na Repúblcia Tcheca eu não entendi nada, pois além do idioma indecifrável lá a moeda é outra e a cerveja muito barata, coisas que, convenhamos, dificultam a compreensão de qualquer um.
Não sei se esses dados todos servem pra algum tipo de análise soicológica, mas a verdade é que embora algumas redes de mercados estejam presentes no Mundo inteiro, como é o caso do Carrefour, quando você visita suas lojas nos diferentes países, vê que a oferta de produtos é bem diferente em cada um deles. E depois se você, como eu, gosta mais de comida do que de história um bom mercado pode substituir bem uma visita a um museu, que na maioria das vezes também tem filas e muitas pessoas, mas onde certamente não se encontra nada para comer.

segunda-feira, agosto 27, 2007

A carne é fraca


Quase todos os brasileiros que visitam a Argentina fazem questão de comer em um bom restaurante de parilla. Mas a verdade é que não são muitos os que saem satisfeitos.
A carne argentina é muito boa, inclusive algumas das melhores churrascarias do Brasil servem carne importada da Argentina. Logo, o problema não é a qualidade. A razão pela qual algumas pessoas não ficam satisfeitas qunado comem carne aqui, quase sempre, está relacionada ao tipo do corte que pedem.
Numa parillada, por exemplo, há varios cortes diferentes, mas os brasileiros costumam não gostar muito, porque não estão habituados a eles. Além disso, o chorizo e a morcila que são acompanhamentos clássicos de uma parillada, também não costumam agradar aos paladares quen não estão acostumados.
Para não errar quando for comer carne na Argentina, recomendo se concentrar nos seguintes cortes: Bife de lomo e bife de chorizo. O lomo seria o nosso mignon, não o filé com mignon, só aquela parte menor, extramente macia. Já o chorizo seria o mais próximo possível da nossa picanha.
Agora se é do tipo que gosta de experimentar, e não tem problemas com aventuras gastronômicas, dae as opções são muitas. Assado de tira, vacio, assado de entraña e por ai vai. acompanhe tudo com um bom molho chimuchurri e um malbec ou cabernet sauvignon de bom corpo, e bem vindo à Argentina.

sábado, agosto 25, 2007

Com quantos limões se faz uma caipirinha?


Todo brasileiro que se preze deve saber preparar o drink mais típico do seu país, no caso uma caipirinha. E se você for brasileiro e estiver no exterior o preparo da caipirinha é mais que uma obrigação é quase uma incumbência.
Teoricamente é uma bebida fácil de se preparar, só precisa ter limão, açucar, gelo e cachaça certo? Errado, a começar por esse último ingrediente, já que muita gente substitui a cachaça por vodka. E depois, há quem prefira expremer os limões, quem prefira macerar, outros preferem colocar açucar mascavo, e já vi até gente que coloca adoçante, o que me parece uma certa heresia.
Tudo bem que os mais puristas dirão que caipirnha deve ser, obrigatoriamente, preparada com cachaça, tanto que muitos chamam a caipirinha de vodka de caipiroska. Mas a verdade é que não há uma regulamentação para isso, nenhum órgão estatal nem nada disso. Eu, particularmente, considero caipiroska quando é feito com outras frutas que não limão.
Quanto as caipirinhas, sempre as preparo do mesmo jeito, esteja onde estiver. Para mim a caipirinha deve ser feita em um copo grande para que possa ser compartilhada, leva um ou dois limões dependendo do tamanho do copo, açucar branco e refinado, gelo e quase sempre vodka, que eu acho melhor do que cahaça.
Costumo cortar o limão em rodelas, com casca e tudo e macera-lo com o açucar e com o gelo, depois completo o copo com vodka, dou uma misturada e deixo repousar por um minuto para que fique bem gelado.
Uma vez, na casa de um amigo francês me pediram que fizesse uma jarra de caipirinha para que depois fosse servida em copos individuais. Fiquei meio relutante, mas como não queria ser desagradável já que tinham sido muito simpáticos me convidadno para almoçar, acabei abrindo uma excessão, mas disse que nessas condições não poderia garantir a qualidade.
Agora quando faço uma caipirinha de acordo com as minhas próprias diretrizes, modéstia a parte, faço valer minha brasilidade. E talvez seja o melhor jeito de demonstrar isso, já que eu tenho cara de italiano, não faço a menor idéia de como se samba e não sou nehum craque dentro das quatro linhas.


sexta-feira, agosto 24, 2007

Coluna

Depois de muito tempo voltei a atualizar minha coluna no Bonde.
http://www.bonde.com.br/colunistas/colunistasd.php?id_artigo=2894

Os dois lados da moeda


Des do lançamento de Mondovino, aquele famoso documentário sobre vinhos, há uma espécie de divisão no Mundo dos vinhos. De um lado estão Robert Paeker, Michael Rolland, processos industriais, mega-corporações e todos os países do novo Mundo produtor. Do outro estão os pequenos produtores, os processos artesanais e uns poucos países da europa.
Na verdade nunca dei muita importância pra essa discusão, desde que o vinho seja bom, pra mim pouco importa da onde veio ou como foi feito.
Além disso, uma das principais críticas feita aos vinhos do novo Mundo é o excesso de frutas e de madeira, que arredondam o vinho, deixando-o mais agradável, facíl de ser bebido. Confesso que gosto bastante dos vinhos frutados e até ontem não me importava com o excesso de madeira, mas dae tomei o Hacienda Los Haroldos, Malbec Roble 2005. Num primeiro momento o vinho se apresenta com bastante fruta, bem herbáceo e com algumas notas de marmelada. Mas logo a madeira predomina, tão intensamente, que quase não se pode perceber os outros aromas. Além disso falta um pouco de corpo ao vinho e o retrogosto também não é dos melhores.
Continuo mantendo minha posição imparcial com relação a essa questão, até porque a maioria dos vinhos que tomei até hoje foram provenintes dessa popularização que é tão criticada por Jonathan Nossiter, mas pela primeira vez entendi também o lado dele.

terça-feira, agosto 21, 2007

E vamo bota água no feijão...


Quando estava vindo pra cá, na viagem conheci um casal de brasileiros que passariam 5 dias em Buenos Aires, ao saberem que eu já conhecia a cidade trataram logo de me perguntar se eu sabia de um lugar onde poderiam comer feijão aqui.
Achei um certo exagero da parte deles, tudo bem gostar de feijão, por certo eu como bom brasileiro que sou também não dispenso um prato de arroz com feijão, mas ficar 5 dias sem comer um feijãozinho não é algo que me preocupe.
Como já disse uma vez, sou do tipo que se adapta fácil à uma nova dieta, e depois acredito que as pessoas quando viajam devem saber apreciar o que de melhor um lugar pode oferecer. Logo, uma viagem a Buenos Aires é chance perfeita pra comer muita carne, doce de leite e tomar ótimos vinhos, da mesma forma que numa viagem ao Rio, certamente, se come a melhor feijoada e ainda toma aquela caipirinha.
Mas claro, quando se está morando fora do Brasil por um tempo longo é natural que os expatriados procurem pelos seus produtos regionais, e nesse caso sim não há problemas em comer feijão aqui em Buenos Aires. E onde então se come feijão nessa cidade das parillas? Bom, como toda grande cidade aqui há uma grande variedade de restaurantes, entre eles alguns especializados em comida brasileira. Mas como ainda não fui em nenhum não tenho recomendações a fazer.
A verdade é que quando quero comer feijão compro e cozinho em casa mesmo. Embora não seja um ingredinte muito popular por aqui, eles preferem a lentilha, pode-se encontrar nos grandes mercados e nas dietéticas, umas lojinhas que vendem produtos à granel. O preço é quase o mesmo do Brasil, e a qualidade não é das piores também.
Agora, se quiser fazer uma feijoada por aqui, dai sim você vai encontrar problemas. Pra começar não existe carne seca, tampouco linguiça calabresa ou paio. Carne salgada de porco até já encontrei, bacon e lombo defumado também, mas custam bem mais caro. Costelinha de porco ainda não ví, mas o que não há a menor chance de encontrar mesmo é a couve, e também acho que farinha de mandioca deve ser tão raro quanto.
Ou seja, você pode fazer um feijão bem gostoso, mas sem couve e sem farofa não dá pra dizer que é feijoada né? Já andei pensado em possíveis substitutos, uma vez fiz farofa com pão ralado e não ficou tão mal, e quem sabe uma acelga alí refogada na manteiga com bastante bacon também engane.
Pelo menos a cerveja aqui é abundante e melhor que a do Brasil, e o limão para caipirnha, embora caro, é bastante popular. Desse modo, pode até não ter todos os ingredientes para uma verdaderia feijoada brasleira, mas a alegria, a ginga e a malmolência estão genuinamente garantidas.


segunda-feira, agosto 20, 2007

Veja!

Bom, não é porque estou passando um tempo em Buenos Aires que vou negar minhas origens da terra do leite quente. Por isso se você também chama salsicha de vina ou apenas quer saber onde encontrar a melhor (sic) vina da cidade, dá uma olhada no Guia Veja Curitiba 2007 que elege os melhores restaurantes, bares e demais lugares para comer na cidade.
E pode confiar na seleção, embora eu tenha sido um dos jurados.
http://veja.abril.com.br/melhor_da_cidade/curitiba/index.shtml

Empanadas


A empanada talvez seja o prato mais típico de Argentina, mas até que o próprio assado. Todos comem empanadas, inclusive os vegetarianos, existem vários sabores e diferentes tipos de massa também. A empanada clássica leva recheio de carne condimentada com azeitonas, ovos cozidos e, em alguns casos, uvas passas.
A massa pode ser mais grossa ou mais fina dependendo da preferência, e também há diferenças quanto a textura, as vezes são mais macias e levam bem mais grodura ficando bem parecida com uma massa folhada. Na minha opinião, essas são as melhores.
Os recheios são todos aqueles que também servem pra rechar pizzas ou outros tipos de salgados parecido: queijo, cebola, presunto, frango... etc.
Você pode fazer suas próprias empandas em casa, comprando a massa pronta no mercado, ou então fazer o que faz a maioria e pedir por telefone. Uma duzía pode custar desde 12 pesos, no caso das mais baratas até 25 pesos. As pessoas aqui comem empanadas todo o tempo, serve como uma comidinha para enganar a fome, como entrada antes de um assado ou como refeição mesmo.
Antes de vir pra cá eu não via muita graça nas tais empanadas, pra mim eram só um tipo de pastél assado. Mas estando aqui e comendo empandas sempre e de diferentes tipos, estou começando a gostar cada vez mais e aprendendo a apreciar uma boa empanada.
Certamente é algo relacionado com um tipo de memória afetiva, já que geralmente como empandas quando estou com muita fome, relaciono o fato de comer empanadas com uma situação de satisfação. Mas psicologia a parte, quando voltar para o Brasil certamente vou echar de menos las empanadas.

domingo, agosto 19, 2007

Um bom vinho, um bom filme...




Sempre que há recomendações de filmes que tenham a ver com vinhos ou comida, vejo os mesmos títulos: Sideways, Festa de Babete, Chcolate... etc. Então, só pra variar gostaria de recomendar um mais desconhecido, ou pelo menos era desconhecido pra mim, até que o vi por acaso na tv um dia desses.
Chama-se A Walk in the Clouds, é de 1995 mas a trama se passa logo depois da II Guerra. A estória é piégas até não poder mais, Keane Reeves é um ex-soldado vendedor de chocolates que conhece furtivamente uma linda jovem em problemas, e como bom galã que é decide ajudá-la. Nem precisa dizer que os dois acabam se apaixonando não é?
Bom, até aqui nada demais, só outro enrredo clássico. Mas o que faz desse filme algo recomendável não é seu enrredo, e sim os entornos da estória. A tal jovem em problemas pertence a uma tradicional família espanhóla que produz vinhos no Napa Valley, então há várias referências ao vinho e o fascínio que ele exerce sobre os homens, embora esse, nem de longe, seja o tema principal.
Além disso, é um bom filme, bela fotografia, bem dirigido e ainda conta com uma interpretação inspirada do grande ator Anthony Quinn.






sábado, agosto 18, 2007

Good News

Em meio a tanta notícia ruim de terremoto, sequestro e apagão aéreo eis que surge uma esperança. Me parece que um santo homem, para o qual já estou pedindo a canonização, inventou um tratamento médico que consiste em tomar vinho.
Perfeito, só que acho que com tanta profiláxia não vou precisar me tratar tão cedo.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/08/070818_terapiadovinhoucraniarw.shtml

Gosto não se discute


Queijo Brie, um dos ingredientes básicos da dieta francesa, cerca de 150 calorias para cada 30 gramas

Eu não gosto de auto-ajuda, sou totalmente contra o feng shui e evito me relacionar com pessoas que comecem frases por: "minha filosofia de vida é...". Mas como não se pode ser totalmente genuíno, cultivo entre meus hábitos algo da sabedoria popular, algumas máximas sabe? E pra mim a melhor de todas é a de que gosto não se discute.
Tudo isso pra dizer que esses dias, a revelia desse ditado e da diplomacia, havia um fórum na internet dicutindo a qualidade da comida argentina em comparação com a brasileira. Traduzindo, falando mal da dieta portenha e bem da tupiniquim.
Era um fórum de brasileiros que vivem na Argentina, e entre toda a nostalgia que havia com relação a boa comida da terrinha, muita gente reclamava que aqui se come muito mal. E não se baseavam só na memória afetiva para pinchar a culinária argentina, reclamavam do caráter nutricional, afirmando que aqui as pessoas seguem uma dieta muito pobre em nutrientes e rica em açucar, gorduras e carboidratos simples. Até uma nutricionista brasileira que também mora aqui se manifestou corroborando os argumentos dos leigos.
Acabei não manifestando minha opinião no, democrático espaço do fórum, justamente por acreditar que não é uma questão para se discutir. Mas o faço agora e por vias ditatoriais, já que neste blog quem manda sou eu.
Não acho correta a discussão e tampouco os argumentos utilizados. Pode até ser verdade que o típico arroz com feijão brasileiro seja um prato bem saudável, mas também é verdade que as pessoas o comem cada vez menos, enquanto a famosa junk food não sai das nossas bocas.
E depois, os argentinos sempre seguiram essa dieta, e nem por isso chegaram a extinção, ou têem muito mais problemas de saúde do que outros povos. Pra ser bem sincero, aqui vejo bem menos pessoas com sobrepeso ou obesas do que costumava ver no Brasil, com milanesas, alfajores e tudo.
Aliás, outro bom exemplo pra esclarecer essa questão é a dieta dos franceses, rica em alcool (vinhos), gordura (queijos, foie gras), açucar (chocolate), carboidratos simples (baguete) e nicotina, sim porque para os franceses o cigarro parece fazer parte da refeição. E mesmo assim é o povo que apresenta alguns dos menores indíces de doenças coronarianas, chegaram até mesmo a escrever um livro afirmando que as mulheres francesas não engordam, e olha que elas comem tanto quanto os homens franceses.
Ou seja, a menos que viva em uma zona de guerra ou em determinados países africanos, qualquer pessoa pode seguir uma boa dieta ou uma mal dieta, mais uma vez é questão de gosto. Eu, via de regra, gosto do mal caminho alimentar, por isso espero que na minha árvora genealógica apareça algum francês.

sexta-feira, agosto 17, 2007

O filho pródigo



Há aquele velho ditado bíblico que não nos deixa esquecer que: "o bom filho a casa torna", e é por isso que mesmo depois de andar afastado por uns tempos os alfajores voltam a pauta do dia.
É que fazia tempo que não provava nada novo, ou pelo menos nada que merecesse umas linhas de atenção. Mas eis que ontem, pelo mais furtivo acaso acabei provando um dos melhores alfajores da minha vida.
Merengo, assim se chama essa dádiva feita de açucar. É um alfajor proveniente de Santa Fé, e por isso mesmo bem raro de se encontrar aqui em Buenos Aires, além disso é feito totalmente sem conservantes, o que limita bastante su distribuição mas melhora muito a qualidade.
Alfajor do tipo 3 tapas, recheado com o melhor e mais puro doce de leite e coberto com açucar. Mas a grande diferença dele para os outros, além de ser artesanal, é que o biscoito foge completamente dos padões, sendo na verdade um tipo muito delicado de massa folhada.
Sem dúvidas, é um produto distinto que se destaca da multidão de doces industrializados que abarrotam as prateleiras dos mercados por aí.
O mais incrível, é que os ingredientes estão todos ali na embalagem, e diferem pouco dos demais: farinha, açucar, ovos, gordura, doce de leite, aguá e sal. Mas há algo no processo de fabricação desse alfajor que torna ele especial. Como nunca poderei descobrir o que é, me resta apreciar.




O Mundo dá voltas


Pois é, não foram poucos os músicos e poetas que já a abordaram a temática do inevitável ciclo da vida. No fim das contas, a lição que sempre se tira consiste nos máximos clichês de que a vida não para, e que nada como um dia após ao outro.
Seguindo a corrente da sucessão natural, devo reparar aqui minha opinião sobre o melhor vinho argentino já provado até agora, e destituir o excelentíssimo Castil de Ferrant, para nomear como novo absoluto o Luigi Bosca, pinot noir 2003.
De coloração inconfundível, textura acetinada e um bouquet tão potente, que se pode sentir muito antes de levar a taça até o nariz, esse Pinot é a prova de que essa cepa pode e deve ser cultivada fora da Borgonha. É um vinho muito redondo, de boa intensidade, com boa quantidade de taninos e uma ótima persistência. Mas sem dúvidas é um vinho que se destaca mesmo no ataque, pois os aromas de frutas vermelhas e baunilha sobressaem deixando uma ótima primeira impressão.
Pois bem, dessa vez sim aposto que Miles e Alex Payne ficarão satisfeitos com minha avalição, pois enfim a Pinot noir volta ao seu posto de rainha das cepas, na humilde opinião desse fervoroso devoto de Baco.
Amém e saúde.
Ps - só pra terminar eu gostaria de recomendar a música el circulo do argentino Kevin Johansen, uma outra obra de arte que exalta o vai e vem das coisas.

terça-feira, agosto 14, 2007

Continuando


Quando estava no Brasil costumava associar o vinho com uma ocasião especial para cozinhar algo diferente num fim de semana, ou então com uma festa, enfim, havia um certo cerimonial para abrir um vinho. Mas aqui, com os preços tão baixos, quase todos os dias eu abro uma garrafa, o que me dá a possibilidade de experimentar muitos rótulos diferentes e também de tentar harmonizações algo bizarras.
Na verdade, nunca me preocupei muito com essa questão da harmonização, pra mim um bom vinho sempre vai bem, e depois com pão e queijo nunca tem como errar. Mas nas vezes em que me preocupei em harmonizar as características de um vinho com um prato específico, pude perceber que realmente faz diferença a escolha certa.
Hoje passei a dar ainda mais valor à harmonização da comida com os vinhos, depois da tentativa frustrada de harmonizar esse Petit Verdot que descrevi a baixo com um cachorro quente.
Foi um desastre, embora a gordura da maionese e a neutralidade do pão tenham melhorado a untuosidade do vinho na boca, a acidez do molho de tomates e a picância da pimenta calabresa, não o favoreceram em nada.
Na próxima vez vou procurar seguir as recomendações de pessoas mais especializadas no assunto, embora ainda acredite no empirismo gastronômico.

Segunda chance


Há algum tempo provei aqui um vinho da coleção Rodas 12. É uma coleção de 12 varietais diferentes da Bodega Esmeralda que faz parte do grupo Catena Zapata. São vinhos bem comerciais e acessíveis, na faixa dos 8, 10 pesos, logo são para serem consumidos jovens e dos quais não se deve esperar grande coisa.
O que experimentei era um Tannat 2006, e estava péssimo. Aroma fraco, quase sem bouquet, extremamente ácido, o que o deixava muito desagrádavel na boca. Tudo bem que não estava com grandes expectativas com esse vinho, pleo preço, pelo fato da Tannat não ter muita tradiçao na Argentina e por ser um Tannat muito jovem. Mas também não esperava que fosse tão ruim, afinal é um vinho de boa procedência e de uma bodega renomada, além de ser bem divulgado e consumido por aqui.
Mas a verdade é que fiquei tão decepcionado que prometi nunca mais comprar outro vinho da coleção Rodas, já que na mesma faixa de preço eu conheço muitos rótulos mais satisfatórios aqui. Só que por um desses acasos do destino, hoje, enquanto garimpava algum vinho desconhecido para experimentar no mercado de sempre, me deparei com um Rodas Petit verdot 2004. A safra um pouco mais antiga e minha curiosidade em provar essa cepa francesa que é bastante rara por aqui, me fizeram reconsiderar minha decisão e acabei tomando outro vinho da coleção Rodas.
Mas dessa vez resultou que eu fiquei bem mais satisfeito, na verade surpreendido mesmo pela qualidade do vinho. De coloração ruby intenso e aroma bastante agradável de frutas negras, esse vinho se demonstrou bastante equilibrado, com boa quantidade de álcool e corpo médio. Não chega a ter a complexidade de um cabernet sauvingon ou um malbec, mas é mais intenso e menos adocicado do que os bonardas e tempranillos que tomei por aqui. Ainda assim, é um vinho que apresenta algo de frescor como o syrah, bem recomendado para aquelas ocasiões em que se quer apenas beber um vinho agradável sem se preocupar muito com as definições.

segunda-feira, agosto 13, 2007

Helado, gelato ou glace? Sorvete.


Assim como os alfajores Havanna, os sorvetes do Freddo são considerados uma intituição aqui na argentina, e nem poderia ser diferente, são simplesmente muito bons. Aliás a maioria dos sorvetes que comi aqui em Buenos Aires são bons, principalmente nos sabores clássicos como doce de leite e chocolate.
Segundo os argentinos, na verdade uma argentina específica que conheci em Paris, em nehum lugar do Mundo se encontra sorvetes tão bons como aqui. E tudo isso, sendo que estávamos em Paris, terra dos famosíssimos sorvetes Bertillon.
Concordo com ela em partes, também acho que aqui se come alguns dos melhores sorvetes do Mundo, mas não que são os únicos. E certamente quem já esteve na Itália, sobretudo em Firenze, pode confirmar isso. São tipos diferentes de sorvete, por isso não diria que rivalizam, mas que se complementam. Enquanto aqui os melhores sabores são feitos a base de leite, os italianos são imbátiveis nos sabores a base de frutas.
Mas acho válido que cada um defenda o seu patrimônio gastrnômico, aliás eu também conheci uma italiana que nunca comia sorvetes quando estava fora da Itália, pois segundo ela como o srovete havia sido inventado lá, era o único lugar onde se poderia comer um autentico e bom sorvete.
Quanto a mim, só posso dizer que seja depois de comer um Bertillon, um sorvete de melão em Firenze ou um Helado de dulce de leche com brownie do Freddo, só consigo em pensar em como todos são bons, e que eu poderia comê-los todo dia pelo resto da minha vida.

domingo, agosto 12, 2007

Made in Colômbia.


Como a maioria dos brasileiros, até vir pra cá as unicas referências que tinha da Colômbia eram as drogas e o famoso piloto, Juan Pablo Montoya. Mas aqui conheci a Marta, uma colombiana da gema, que como todo colombiano aprecia um bom café.
Justiça seja feita, Pablo Escobar a parte, a Colômbia rivaliza com o Brasil na produção de alguns dos melhores grãos de café do Mundo. Eu até já tinha provado um café colombiano, na casa de um amigo meu, grande apreciador de café, mas nunca tinha provado um café feito como se faz na colombia.
O verdadeiro café colombiano não é coado, como a maioria de nós está acostumada. Na verdade, se ferve a aguá com um pedaço de rapadura, depois se mistura o pó de café, deixa que repouse um pocuo para o pó descer e ai se serve. É bem amargo, forte e bom, e quase não se percebe que o café não está coado, pelo menos não até se chegar ao fim.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Padoca porteña

Ontem estive no Bar Paulin, pelo que percebi é um lugar bem clássico aqui de Buenos Aires, fica bem no centro da cidade e sua clientela é formadas por executivos, secretárias ou qualquer tipo de gente que esteja no centro e precise de uma refeição rápida no horário do trabalho, ou seja, uma fauna bastante variada.
O lugar também serve pra um happy hour mais curto, já que fecha cedo, por volta das 22h, eu acho. O ambiente é bastante barulhento e desorganizado, típico de boteco mesmo, mas parece uma padoca porque não tem mesas, só um grande balcão rodeado de bancos giratórios.
A comida é a clássica de boteco, só que de boteco argentino, o que quer dizer: empanadas, tostadas, picadas, milanesas, sanduíche de miga e demais minutas. Mas o grande destaque do lugar são os tamanhos das porções, realmente impressionam e o preço também parece ser bastante honesto.
Já da qualidade não posso opinar, estive lá só tomando umas cervejas, uma vez que tinha comido um pouco antes de ir, o que se demonstrou um erro grave. Mas da próxima vez, certamente irei para uma degustação.
O atendimento também me pareceu bom, é bem rápido e simpático, embora as vezes seja simpático de mais, quero dizer algo meio indiscreto. Mas afinal de contas é um boteco, niguém vai lá esperando pompa e circustância, e sim uma boa comida, servida rápidamente e a um preço honesto. E para tanto, Paulin parece ser o lugar indicado.

Aqui tem umas descrições mais completas e também passionais sobre o lugar.
http://www.lalogialounge.com.ar/Reviews/paulin.htm

quarta-feira, agosto 08, 2007

Oferta e procura

Pinot noir, antes de enfrentar seu glorioso destino até nossas taças.


Todo brasileiro que gosta de vinhos sabe que a Argentina produz uma grande variedade de cepas e que também nos brinda o melhor custo benefício quando o assunto são os vinhos do dia-a-dia e os intermediários.
Já com os grandes vinhos a estória é um pouco diferente, mas não é um problema só da Argentina e sim de todo o novo Mundo produtor de vinhos. Pois é, indiossincrasias e Mondo Vino a parte, a França ainda produz os melhores, mais famosos e caros vinhos do Mundo.
Mas como esses não são para o paladar e tampouco para os bolsos da maoiria dos brasileiros, voltemos a falar dos hermanos argentinos e do acessível líquido de baco que jorra dessas terras.
A grande vantagem de se estar aqui é poder encontrar uma grande variedade de diferentes rótulos, procedências e cepas em qualquer mercadinho de esquina. Aliás, as vezes, esses são os melhores lugares para comprar, pois pode ter a sorte de achar uma raridade com o preço equivocado.
O lado ruim, é que não se encontram vinhos de outros países que não a Argentina, nem mesmo nos grandes mercados. A oferta de vinhos importados aqui, ainda que venham dos vizinhos Chile e Uruguai, é pequena e fica restrita as lojas especializadas que, por sua vez, nunca se equivocam nos preços.
Sendo assim, não se pode fazer nada além de especializar-se em vinhos argentinos, e é o que trato de fazer. Ainda bem, que como já disse, a oferta é grande e variada. Até agora já identifiquei nas prateleiras por aqui as clássicas: cabernet sauvignon, merlot, malbec, tannat e syrah. Também as menos conhecidas: tempranillo, bonarda, petit verdot e pinot noir. Isso tudo claro sem falar nos vinhos de corte, que multiplicam por muito a oferta de rótulos distintos.
Pois é, pelo que podem ver ainda há muito trabalho a fazer aqui antes de poder dizer que finalmente sou um conhecedor dos vinhos argentinos. E antes que alguém conteste, eu não me esqueci dos brancos, tampouco faço discriminação. É só que estamos no inverno, e com esse clima fica difícil resistir aos tintos, mas a primavera se aproxima e com ela o clima perfeito pra desfrutar dos brancos.
Como diriam, tudo a seu tempo, só espero que não seja tempo suficente para virar um alcólatra, pelo menos não até terminar minha investigação.

No lo creo


Há coisas nesse país que eu custo a entender, as mulheres claro são hors concours, mas há outras coisa que até agora ninguém soube me explicar.
Por exemplo, por que algumas coisas como alface, pimentão e até mesmo a maçã argentina aqui custam uma fortuna, enquanto outras, como os vinhos, o jamon crudo e o doce de leite valem uma ninharia?
Ao que parece não há uma explicação lógica, assim sendo meu conforto é gostar muito mais dessas coisas, que aparentemente, são mais baratas.

terça-feira, agosto 07, 2007

Il Gato

Em Buenos Aires há uma rede de restaurantes chamda Il Gato. É um restaurante italiano clássico, daqueles com toalhas quadriculadas e tudo. Logo o forte da casa são as massas.
Mas o interessante desse lugar, além da comida, é a promoção das segundas e terças. Nesses dias todas as massas do cardápio custam 50% menos, o que pode deixar um jantar mais barato do que um número do Mac Donald's ou do que uma simples milanesa numa espelunca qualquer do centro.
O restaurante é desses bem decorados, eu diria acolhedor, e tem bossa stones de música ambiente. São várias filiais pela cidade, e inclusive há uma casa em Puerto Madero. Pra muita gente todas essas coisas já seriam mais que suficientes para fazer do Il Gato um lugar recomendável, mas não para mim, já que a comida é tudo que realmente me importa.
Sendo assim, em busca da verdade gastronomica acima de tudo, eu estive ontem no Il Gato e devo dizer que a comida não decepciona. Pedi sorrentinos recheados com jamon, ricota e pecorino ao molho panna com tomate concassé. Estava muito bom, cozida no ponto certo e os ingredientes todos bem frescos, mas o que me conquistou mesmo foi o pão, o melhor que já comi aqui em Buenos Aires, e mais ainda a faína, essa sim a melhor que já comi na vida. Ela estava fina e crocante no ponto, e temperada com sal e azeite de oliva na medida exata, perfeita.
Além disso, o atendimento também foi muito bom, rápido, eficiente e discreto. Apesar da falial de Puerto Madero ser a única que cobra taxa de cubiertos, o jantar acompanhado de um vinho local ainda custou bem menos do que qualquer outro restaurante da região.
Bom, agora sim eu posso dizer que o Il gato é bastante recomendável, mas é claro que na proxima vez irei a uma outra filial.

Il gato:http://www.ilgatto.com.ar/home.htm

segunda-feira, agosto 06, 2007

Sopa de letrinhas.

Eu até que gosto de cozinhar, mas com certeza prefiro escrever sobre comida, e sem dúvida alguma, adoro ler sobre o assunto.
Sendo assim, estou sempre procurando por meus pares, ou seja, pessoas que se dediquem a discorrer sobre o tema da comida e todas as suas implicações. Pode ser qualquer um, desde o distintíssimo Monsieur Savarin até meia dúzia de desocupados que escrevem em um blog.
O difícil nessa esfera do conhecimento, é ralmente encontrar alguém que goze de algum conhecimento sobre o tema, ou que ao menos fuja do lugar comum, seja pela via acadêmica ou do humor.
Não quero depreciar os milhares de livros, sites e programas de receitas que ensinam a cozinhar, eles são muito últeis e eu mesmo recorro freqüentemente a eles. Afinal os clichês fazem parte da vida. Mas receita ainda está longe de ser literatura.
O único problema dos sites de receita, na minha opinião, é que eles praticamente inviabilizam qualquer outra pesquisa por assuntos culinários que não receitas.
Mas no meio desse amontoado de referências eu consegui pescar duas que quero recomendar. A primeira é a coluna do Carlos Alberto Dória na Revista Trópico: http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2886,1.shl
Ele é sociólogo e escreve sobre comida de um ponto de vista muito interessante.

O outro é o blog de um grupo de estagiários que narram as desventuras de sobreviver com um vale refeição de 9 reais por dia.
http://vale9conto.com.br/